segunda-feira, 18 de março de 2019

Por que a Mangueira mereceu ganhar o Carnaval de 2019?



Texto meu publicado na coluna Opinião do Site WTB News LINK AQUI 
Agradeço ao querido Rodrigo Trindade pelo espeço para dar meus pitacos!




Desde que a Caprichosos de Pilares "lançou" e apoiou a campanha das "Diretas Já" em seu desfile de 1985 com "E por falar em Saudade", e a Beija-Flor fez "Ratos e Urubus, larguem minha fantasia" 1989 com Joãosinho Trinta não houve uma crítica social tão necessária quanto o enredo de 2019 da Estação Primeira de Mangueira, "História para ninar gente grande" (Leandro Vieira). E como toda crítica artística nasce de uma forte necessidade de catarse de um momento social doloroso, vemos exatamente esta vontade do povo excluído de dizer sua verdade! Foi isso que vimos no desfile da Mangueira.
Espero que isto lance o tema até em salas de aula, e que a história do Brasil seja revista sim! Brasil que nem descoberto por Cabral foi, pois já sabiam da existência de suas terras muito antes do português descer aqui e anunciar ao "Velho Mundo" que existia e que era dele e da Espanha. Agora não quero dizer que visualmente estava rico, pois riqueza em desfile de Carnaval não é necessária. Sinto muito que os pavões de plantão pensem o contrário, afinal o que vale é uma linguagem clara que o público identifique e um samba que faça escola e público cantar. Claro que não vale entrar despencando. Mas grandiosidade sem criatividade ou bom gosto não fica legal. Fica vazio de alma!
A Mangueira, mesmo com poucos recursos, estava visualmente bela e criativa. Leandro Vieira, que lançou novo estilo nas fantasias, desde o ano passado começa uma nova linguagem também em alegorias. Unindo técnicas de design, como poucos até hoje souberam fazer, as fantasias eram incrivelmente bem estampadas e bem acabadas; e a alegoria dois deste ano, por exemplo, foi para mim tão impactante que deveria ser considerada uma das eternas ao lado do "Cristo Mendigo" da Beija-Flor 1989, "DNA" do Paulo Barros na Tijuca, 2004; o "Pierrô" do Renato na Mocidade 1999 e o "Noivado de Leopoldina" da Imperatriz com Rosa em 1996: O Carro da Manga esse ano tratava-se de uma pichação ao monumento aos "Bandeirantes" e mostrando o rastro de sangue que estes falsos heróis deixaram por onde passaram. Arte contemporânea e vanguardista!

Sonhamos com um país igualitário, onde se unifique em paz as três etnias; o Brasil não é mais dos índios apenas, agora que a vergonhosa colonização aconteceu. Temos que fazer o melhor com o que temos. Não dá mais para separar brancos, negros e índios, pois miscigenou. Eu sonho ainda com um enredo pela miscigenação e paz no nosso país! Chega de divisão! Ambos os lados em nosso país precisam dar as mãos para gerar crescimento e evolução. Quem sabe mudamos a cor da bandeira...para verde, rosa e branca!
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*Biu Oliveira é especialista em Artes Visuais e atua como designer de Carnaval. Já desenhou para grandes escolas de samba do Rio, São Paulo e até na Argentina.
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Biu Oliveira. Foto: Acervo Pessoal
Biu Oliveira. Foto: Acervo Pessoal



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